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Um breve comentário sobre o Diabo

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Mensagem  Lucrezia Rottenstern Seg Nov 21, 2011 9:11 pm

"Espere minha visita quando as trevas vierem - Eu acho a Noite melhor para brincar de me esconder..."

Diabo ("aquele que separa"). Shaitan (aquele que acusa).

Falar do Diabo sempre é complicado. São tantas interpretações diferentes e visões diferentes sobre a mesma peça que nos é dificil escolher apenas uma e ignorar todas as outras. Há ainda aqueles que são veementes em afirmar que não existe um "Diabo" ou um "Satan". ´
De toda forma por mais antiga que a religião seja,sempre há uma figura representante do Mal,a oposição a ordem vigente ou meramente a rebeldia sem causa. O ser humano sempre necessitou de um aspecto externo para expor sua própria ânsia por liberdade e sua pulsividade aos atos mais primitivos. Seja na forma de deuses da guerra,ódio,noite,escuridão,luxúria... a figura daquilo que nos é oculto até a nós mesmos e proibido e julgado pela moral consciente geral torna-se não apenas um atrativo mas também um misterio que por fim culmina em uma parte de nós oculta que ansiamos por conhecer,mas tememos nosso próprio julgamento ao fazê-lo. Então externamos na figura do demônio tudo aquilo que repudiamos de nós mesmos. Criamos nosso deus-bode expiátorio.

O diabo como conhecemos nasceu com o cristianismo. Isso é um fato inegavel,por mais que muitas vertentes do satanismo afirme que não. Satan nasceu para se opor ao Deus cristão e a sua moral e Igreja. Apenas os judaico-cristãos possuem esta visão e conceito onde duas moralidades atuam em disputa.
Analisando-se crenças antigas como a egípcia,a figura de Set,embora fosse um deus Noturno,estéril e bruto era totalmente necessário,sendo ele o responsável por afastar a serpente Apófis dos outros deuses. Era acima de tudo um deus da força bruta atuando contra a onda de destruição.
Não seria então a própria Apófis uma representação egípcia para o diabo cristão?Não exatamente. Apófis nada mais era que um símbolo da destruição do mundo,necessário para que o mesmo renascesse,quando fosse o momento. Mas sua fome era insaciavel. De toda forma,ela não era um INIMIGO. Ela era uma força natural e necessária.
São muitos para se citar e exemplificar,mas para todas as religiões os deuses das trevas e da luz eram adorados de forma igual. Eles eram compreendidos. Os melhores exemplos atuais para se entender esta questão são as religiões Afro,tendo como exemplo o Exu em contraposição a Oxalá e a Hindu, onde cada deus possui seu arquétipo oposto e necessário formando um casamento perfeito que rege todo ciclo universal.

Para os católicos o diabo não é uma simples contraparte de deus. Ele é algo a ser eliminado. Para a maioria dos Satanistas,o Diabo está em guerra e deve terminar por destruir o Deus cristão. Bom,deixemos as crianças brincando com o tabuleiro de War e voltemos a história...

O culto ao Diabo nasceu com a Igreja. As religiões politeístas tiveram seus deuses demonizados para que assim fossem mais facilmente reprimida,e odiada pelo próprio povo da época. Cultos a qualquer coisa diferente de IHWH eram tidos como "Inimigos" e associados ao Diabo cristão. Reza-se a lenda que a própria Igreja criou as primeiras versões da Missa Negra e popularizou as atrocidades cometidas pelas bruxas para criar uma atmosfera de caos e batalha contra o mal. Com o tempo a igreja corrompeu-se e subiram ao poder papas como Bórgia e Honórius. Alguns ateus entregues totalmente a sua carne,outros ocultistas ávidos por conhecimento a ponto de escreverem seus próprios grimórios a partir de conhecimentos arrancados em celas da Inquisição.
Surgiam os primeiros boatos de orgias e paródias da missa católica,onde um padre matava uma criança recém nascida e consagrava uma hóstia negra (feita com beterraba ou semelhante) no interior da vagina de uma mulher nua sobre um altar. Os Sabbaths onde bruxas dançavam nuas sob o luar entranhavam-se na mente dos homens que talvez mais as desejassem que temessem.

Então cria-se o Inferno católico,inventado quase que totalmente por Dante Alighieri em sua Divina Comédia,onde é descrito em detalhes e mais detalhes. Milton lança sua epopéia narrando Lúcifer como um herói incompreendido... e é isto que ele se torna séculos depois.
De um leque de entidades necessárias para a existência,hoje em dia seitas "satânicas" afirmam cultuar um diabo em guerra. Dizem promover caos e violência com sua crença que anseia pelo fim. E desgraçam todo um arquétipo trabalhado durante eras por sábios da grécia a babilônia...

As entidades estão de fato por aí,e elas sabem seu papel no universo. E devem rir-se daqueles que distorcem isso a bel prazer apenas para fim de suas crenças "trevosas..."

No final,há apenas uma verdade. Não fiquemos nem tanto a Set nem tanto a Osíris. Nem tanto a Hades nem tanto a Zeus.
Luz demais cega. Escuro demais cega. Ambos são necessários para o contraste.

Em breve eu falarei sobre mais Demonolatria e Satanismo... em um momento próximo.


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Mensagem  Convidad Qua Nov 30, 2011 4:45 pm

"Luz demais cega. Escuro demais cega. Ambos são necessários para o contraste."

é bem por aí, como já deixo assinado rs

"Para os católicos o diabo não é uma simples contraparte de deus. Ele é algo a ser eliminado. Para a maioria dos Satanistas,o Diabo está em guerra e deve terminar por destruir o Deus cristão. Bom,deixemos as crianças brincando com o tabuleiro de War e voltemos a história... "

Eu realmente dei uma risadinha nessa parte...muito bom.

O Diabo é um assunto interessantíssimo e muito complexo, não sendo possível prever onde ele vai 'agir'.

É o Diabo quem faz os heróis, afinal, sem um teste a altura, como é que surgiriam santos e Heróis de todos os tempos?
O teste em si (a tentação) já é por si só o objetivo. Ele não liga pra quem "passa" ou "falha", ele é quem lhe põe o teste, que normalmente é simplesmente aquilo o que você pediu, ou aquilo que você se gaba, se invaidesse, diz para todos os ventos que domina.
Trabalhar com o Diabo é algo realmente inesperado e sem limites, mas um grande aprendizado para os fortes e uma grande decepção para os fracos.

abs

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