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O I Ching

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Mensagem  MORSE Qui Nov 22, 2012 6:50 pm

O que é o I Ching

O I Ching, ou Livro das Mutações, apareceu na China há aproximadamente 3.000 anos, mas teve sua origem em formas oraculares ainda mais antigas, de uma época conhecida como “era mítica do Imperador Fu Hsi” (aproximadamente 3.000 anos a.C.), herói lendário considerado o fundador da civilização chinesa. Esse mesmo personagem mítico parece ter sido o inventor dos oito trigramas básicos do I Ching e suas combinações em 64 hexagramas, que servem de base ao método de adivinhação por meio de varetas de caule de milefólio, a forma tradicional de consulta do oráculo durante milênios. Segundo a literatura chinesa, após Fu Hsi, o Livro das Mutações teve outros três compiladores que enriqueceram seu conteúdo: o Rei Wen, que acrescentou um julgamento para cada um dos 64 hexagramas; o Duque de Chou (filho do anterior), que incorporou os comentários referentes às linhas mutáveis dos hexagramas; e Confúcio, o famoso sábio, autor dos textos relacionados à imagem e ao comentário de cada hexagrama.

No ano de 213 a.C., Ch’in Shih Huang Ti, um tirano conhecido como O Grande Unificador (foi o construtor da Grande Muralha e o unificador das províncias chinesas), ordenou a queima de todos os livros existentes, exceto os dos arquivos imperiais, as obras de medicina e agricultura e os livros de adivinhação. Devido a essa seleção, o I Ching, que já era considerado um livro sagrado, sobreviveu ao expurgo das bibliotecas e chegou até nós.

A grande maioria dos estudiosos concorda em considerar o Livro das Mutações como uma importante fonte das duas grandes correntes do pensamento chinês: o taoísmo e o confucionismo. Prova disso é o I Ching fazer parte dos Seis Livros Canônicos de Confúcio.

Confúcio, que comentou longamente o I Ching, considerava que a idéia central do livro era o conceito de mutação, exemplificado por uma frase que o sábio teria dito ao observar a correnteza de um rio: “Tudo segue, fluindo, como esse rio, sem cessar, dia e noite”. Dessa maneira, a observação constante e profunda da natureza sugere a idéia da mutação contínua: depois da escuridão vem a luz; o inverno é seguido pela primavera; após a tempestade retorna a calmaria; o dia renasce depois da noite; a lua cresce e decresce ciclicamente; as marés alternam-se no mar. A lei universal que tudo rege é o constante mudar. A realidade se transforma permanentemente, e o I Ching, ao contrário de muitos outros métodos de adivinhação, ensina a guardar essa verdade profunda sem condicionar o nosso comportamento.

Em outras palavras, o I Ching não prevê os acontecimentos futuros, mas indica a situação presente. Como se penetrasse no inconsciente, os ensinamentos do livro sugerem como enfrentar a realidade que se apresenta, explicam as fases de desenvolvimento da ação que deve ser empreendida e indicam o resultado dessa ação sempre que se tenha agido de acordo com as sugestões recebidas. Pois, na verdade, cabe à nossa sensibilidade e inteligência perceber a mensagem quer o I Ching transmite.

Para a sabedoria chinesa, conhecer as forças que agem num determinado momento de nossa vida pode ser muito importante, porque, conhecendo-as, poderemos, em vez de nos opormos a elas, avançar junto com elas, colaborando assim com o movimento natural da vida. Mas para que o I Ching dê uma resposta adequada, a formulação da pergunta é muito importante, pois apenas sabendo muito bem o que procuramos saber teremos condição de interpretar a resposta obtida. Em outras palavras, só se conhecermos bem os motivos e circunstâncias que envolvem a nossa pergunta poderemos decodificar a linguagem simbólica do oráculo. Sempre devemos lembrar que o I Ching não fala a nossa habitual linguagem racional, mas se exprime através das imagens simbólicas do inconsciente.

A história do I Ching

O mais antigo método chinês de adivinhação do qual se tem notícia é a leitura de sinais em ossos de boi. Em geral, a omoplata do animal era colocada sobre o fogo e, depois de algum tempo, apareciam rachaduras no osso, provocadas pelo calor, que eram então lidas como a mensagem do destino. Desse método primordial derivou-se o de queimar a carapaça da tartaruga, animal sagrado para os chineses, símbolo da estabilidade e da longevidade. Exposta também ao calor, a carapaça rachava-se e o adivinho interpretava as linha que se tinham formado.



Segundo a tradição, durante a dinastia Shang (1766-1122 a.C.) e durante o primeiro período da dinastia Chou, o oráculo era consultado através de varetas de caule de milefólio. O adivinho jogava as varetas e obtinha um número par ou impar, que determinava se a linha era inteira ou cortada. depois de ter jogado seis vezes, o hexagrama estava formado. Assim, segundo essa hipótese, os hexagramas seriam apenas representações gráficas das combinações obtidas com as varetas. nessa época em que o I Ching estava sendo elaborado, a adivinhação não era uma arte ao alcance de todos – ligada ao sistema de governo, era, portanto, uma disciplina reservada aos soberanos.



Por volta de 1150 a.C., o Imperador Shang Chou Hsin, despeitado pela reconhecida capacidade de governar do Rei Wen, senhor da província de Chou, mandou aprisiona-lo. Enquanto estava preso, Wen empregou seu tempo elaborando os julgamentos que acompanham os hexagramas. Depois de um período de lutas, no qual a província de Chou se rebelou, o Rei Wen retirou-se do governo e foi sucedido pelo seu filho Wu, que derrotou a dinastia Shang, dando início à dinastia Chou. Wu, conhecido como o Duque de Chou, descobriu os estudos que o pai realizara sobre o I Ching e, percebendo a importância cultural que continha, decidiu continuar a obra. Sua grande contribuição foram os 384 comentários às linha mutáveis (ou móveis).



Muito tempo depois, o I Ching foi enriquecido com os comentários, atribuídos a Confúcio e alguns de seus discípulos. Posteriormente, Pu Shang, um seguidor de Confúcio, foi encarregado de difundir os conhecimentos milenares conservados no livro, formando -se então em torno dele toda uma escola filosófica, que produziu grande quantidade de textos anteriores, deram origem ao que atualmente é conhecido como as Dez Asas. Sobrevivendo às guerras, às várias dinastias e à queima das bibliotecas, o I Ching atravesou os séculos até chegar ao Ocidente em fins do século passado. No entanto, o Livro das Mutações ainda deveria esperar até 1923 para alcançar uma tradução à altura de seus méritos. Nesse ano, depois de longas pesquisas, o sinólogo Richard Wilhelm deu a conhecer sua tradução para a língua alemã da grande obra chinesa

O I Ching e a Teoria dos Cinco Elementos

A idéia básica do I Ching é o conceito de mutação, a eterna lei que rege todo o Universo. Entre os chineses, essa lei era chamada de Tao e se manifestava através do Grande Princípio Primordial, o Taiji Tu. Assim, o I Ching concentra-se na Teoria dos Cinco Elementos do Tao.


Os cinco elementos, Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra, não são considerados forças estáticas, mas princípios dinâmicos que estão numa constante interação, movimento este chamado de wu hsing. A primeira descrição dos Cinco Elementos encontra-se em um antigo livro chamado Hong Fan, ou Grande Norma, um pequeno tratado considerado o livro mais antigo de filosofia chinesa.

Neste antigo livro, os Cinco Elementos estão assim mencionados:

O primeiro é a Água, que desce e molha.
O segundo é o Fogo, que sobe e queima.
O terceiro é a Madeira, que se curva e se endireita.
O quarto é o Metal, que é obediente e muda de forma.
O quinto é a Terra, que pode ser semeada e ceifada.
Prosseguindo na simbologia divinatória do Hong Fan, encontramos ainda a seguinte correspondência para os Cinco Elementos:

A Água corresponde ao Norte e rege o Inverno.
O Fogo corresponde ao Sul e rege o Verão.
A Madeira corresponde ao Leste e rege a Primavera.
O Metal corresponde ao Oeste e rege o Outono.
A Terra corresponde ao Centro, que é o lugar de quem governa, e pertence a todas as estações.

Os Cinco Elementos também estão em constante mutação e, portanto, podem se desenvolver ou se destruir, como é possível observar da imagem ao lado.

O I Ching Five_element_chart

Os ciclos de desenvolvimento e de destruição entre os elementos podem ser assim descritos:

A Água produz a Madeira. Contudo, se houver Água demais, sufocará o Fogo. Assim, a Água prejudica o Fogo.
A Madeira produz o Fogo, mas se o Fogo for grande demais, consumirá a Madeira. Assim, o Fogo esgota a Madeira.
O Fogo produz a Terra, mas se houver Terra demais, o Fogo se extinguirá. Assim, a Terra esgota o Fogo.
A Terra produz o Metal, mas se houver Metal demais, a Terra será sobrepujada. Assim, o Metal esgota a terra.
O Metal produz a Água, mas se houver Água demais, o Metal será submerso. Assim, a Água esgota o Metal.
Do mesmo modo, a Água destroi o Fogo. Se o Fogo for grande demais, a Água evaporará. Assim, o Fogo esgota a Água.
O Fogo destroi o Metal, mas se o Metal for forte demais, o Fogo se extinguirá. Assim, o Metal prejudica o Fogo.
O Metal destroi a Madeira, mas se a Madeira for suficientemente forte, romperá o Metal. Assim, a Madeira prejudica o Metal.
A Madeira destroi a Terra, mas se a Terra for dura demais, romperá a Madeira. Assim, a Terra prejudica a Madeira.
A Terra destroi a Água, mas se houve água demais, a Terra será submersa. Assim, a Água prejudica a Terra.
Vistas as possibilidades de mutação, fica claro que é muito importante conhecer o processo de interação entre os Elementos, porque cada trigrama corresponde a um Elemento, e o hexagrama é composto de dois trigramas, o que significa que a indicação do oráculo é o resultado de dois Elementos que se influenciam reciprocamente, de modo positivo ou negativo.

Os Oito Trigramas

O I Ching I_ching_yan

“O Ilimitado gera o limitado, isto é o absoluto (Taiji). O Taiji gera as duas aparências, o yin e o yang. As duas aparências geram as quatro imagens, pequeno yin, grande yin, pequeno yang, grande yang. As quatro imagens agem sobre os oito trigramas, e oito vezes oito resulta em sessenta e quatro hexagramas”.



Esta é a tradução de um pequeno poema composto por Fu Hsi, tido como o criador do I Ching, para explicar as suas relações.

Os oito trigramas são refinamentos do Taiji, o yin e o yang, e por isso também se encontram em constante movimento. Combinados, eles formam os sessenta e quatro hexagramas que pautam a consulta oracular. Por isso, é importante estudar o seu significado, seu simbolismo e suas relações, pois é através da interação entre os dois trigramas e de suas linhas (que podem ser móveis ou fixas) que obtemos a interpretação do hexagrama.

Para hoje, reservo apenas a análise dos trigramas.

Lago (Tui), a Suavidade – Uma linha yin sobre duas linhas yang representam o Lago. Este trigrama significa a Filha mais Nova, a Alegria e a Suavidade. Está associado ao movimento Metal, pois a sua imagem representa um espelho: a linha yin no topo é a água que reflete o céu, representado pelas duas linhas yang abaixo. Da mesma forma que um espelho apenas reflete o que existe, seja bom ou ruim, o Lago também associa-se ao pântano.



Fogo (Li), a Luminosidade – Uma linha yin cercada por duas linhas yang representam o Fogo. Este trigrama significa a Filha do Meio, o Sol, a Luz que a todos ilumina. Está associado ao movimento Fogo, e sua imagem representa o Sol que brilha no meio do Céu.



Trovão (Chen), o Incitar – Uma linha yang debaixo de duas linhas yin representam o Trovão. Este trigrama significa o Filho mais Velho, o Incitar, o movimento ascendente. Está associado ao movimento Madeira, pois a sua imagem é a de uma semente que germina debaixo da terra, representada pelas duas linhas yin no topo do trigrama.



Vento (Sun), a Serenidade – Uma linha yin debaixo de duas linhas yang representam o Vento. Este trigrama significa a Filha mais Velha, a Serenidade, o Vento que Penetra em todas as frestas e alcança a todos. Está associado ao movimento Madeira, pois o vento só é perceptível quando dobra suavemente os galhos das árvores.



(A Madeira é o que une o Céu com a Terra, e tanto o Trovão quanto o Vento fazem essa ligação: o Trovão é a energia yin da semente que sobe, o Vento é a energia yang do Céu que desce).



Água (Kan), o Abismo – Uma linha yang cercada por duas linhas yin representam a Água. Este trigrama significa o Filho do Meio, a Lua, a água em movimento, o Abismo, o Perigo. Está associado ao movimento Água, e sua imagem representa a água que corre pela Terra, pelas rochas e pelos desfiladeiros, daí conotando perigo.



Montanha (Ken), a Quietude – Uma linha yang no topo de duas linhas yin representam a Montanha. Este trigrama significa o Filho mais Novo, a Quietude, a Parada, o Repouso. Está associado ao movimento Terra, e sua imagem representa a Terra elevando-se aos Céus.



Terra (Kun), o Receptivo – Três linhas yin representam a Terra. Este trigrama significa a Mãe, a Vida, o Receptivo, a Terra que recebe a energia Criativa para dar frutos. Está associado ao movimento Terra e contém o máximo de energia yin.
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FONTE:Magia Oriental
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